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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A / D





























Crescer com bonecas para ser uma boneca apaixonada * 

Quando aquele corpo desejado nasceu, depois de mexido e remexido, todos os olhares se centraram no seu sexo e tod@s afirmaram: é menino!

O menino cresceu desejando sempre ser homem e muito mais. O seu corpo dilatou-se enquanto território do eu e d@s outr@s. Do eu que se agigantou à procura do seu género, dos seus interesses, da sua sobrevivência, dos seus afetos, com @s outr@s permanentemente a observá-lo com um olhar apreciador/julgador.

Aquele corpo, aquele eu, viveu sempre de forma distinta entre o espaço público e o privado. Desde menino que gostava de brincar com bonecas. As bonecas cresceram com ele/ela e ele/ela desejava/deseja ser a própria boneca. O corpo é agora apenas um espaço, um invólcuro performativo dentro do qual existe um homem que apenas se liberta quando se transforma, com dor e prazer, numa personagem feminina: a boneca Alexia. David/Alexia cresceu como @s outr@s: brincou, estudou e hoje trabalha e ama, como todos e todas. Hoje, como tod@s @s outr@s, são diferentes.

Alexia está apaixonada por outra mulher. Ou seja, aquele corpo de homem transformou-se numa aparência de mulher para viver uma paixão lésbica.

David/Alexia mostra-nos assim quão diverso é o modo como podemos habitar/viver no nosso corpo, lugar de construção, onde somos e onde nos mostramos. Alexia, como tod@s, vive permanentemente sob o escrutínio de qualquer um (a). Por isso o seu corpo, o seu sexo, o seu género, estão muitas vezes espartilhados e aprisionados. David vive escondido no mundo privado, do lado de dentro da janela, enquanto Alexia deseja voar, fazer a travessia, fantasiar, viver um amor reprimido, que seria naturalmente aceite enquanto David. 

Alexia transforma-se, com dor, para sair à rua bela, mas escondida e provocadora. Sabe que a verdadeira prisão é o medo e que para ser livre, tem que arriscar. Gosta de si, de cada detalhe de si, das suas loucuras, das cores todas misturadas (azuis com rosas, verdes com vermelhos). Sabe que para ser plena tem de ser uma boneca livre, uma boneca que também vive, trabalha, ama e seduz no espaço de tod@s @s outr@s: A rua! 

David e Alexia recusam uma vida cinzenta, como a de muitos olhares a preto e branco que, incomodados, nel@s reparam. 

* Projeto de fotografia documental ficcionado.

domingo, 3 de novembro de 2013

Centenário do nascimento de Álvaro Cunhal

 








No próximo dia 10 de novembro celebra-se o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal, político marcante da política portuguesa quer no combate ao fascismo e na luta pela liberdade ao lado do povo português e integrado no Partido Comunista Português, quer também pelo empenho na consolidação das liberdades no pós 25 de Abril e nas conquistas de muito do que é hoje conhecido como estado social e direitos dos trabalhadores. Em 1934, integrado no movimento estudantil, na Faculdade de Direito de Lisboa, é eleito para o Senado Universitário. Com mais de 14 anos vividos nas prisões portuguesas, ficou célebre a sua evasão da prisão do Forte de Peniche a 3 de janeiro de 1960. Nos pós 25 de Abril foi ministro sem pasta nos primeiros 4 governos provisórios e, desde sempre, se opôs à adesão de Portugal ao Euro, antevendo todas as dificuldades da economia portuguesa no relacionamento com a moeda única. O PCP está a levar a efeito um conjunto de iniciativas onde destacamos o lançamento da Fotobiografia a 22 de agosto último, a exposição sobre o centenário na última Festa do Avante (ver foto), o Comício Centenário no próximo dia 10, no Campo Pequeno, em Lisboa e, de 30 novembro a 15 de dezembro, as celebrações concluem-se com a exposição “Vida, Pensamento e Luta: Exemplo que se Projeta na Atualidade e no Futuro”, a decorrer no Centro de Congressos da Alfândega do Porto. A 8 de junho passado, a Câmara Municipal de Lisboa descerrou no Lumiar uma placa toponímica designada como Avenida Álvaro Cunhal.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Aqui há gato!






Fotos de João Vasco

Com a máquina fotográfica à volta de um rosto

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

As mãos do amor (de uma vida)







Fotos de João Vasco

A Nossa Casa
de
Florbela Espanca in Charneca em Flor

A nossa casa, Amor, a nossa casa!
Onde está ela, Amor, que não a vejo?
 Na minha doida fantasia em brasa
Constrói-a, num instante, o meu desejo!

Onde está ela, Amor, a nossa casa,
O bem que neste mundo mais invejo?
O brando ninho aonde o nosso beijo
Será mais puro e doce que uma asa?

Sonho... que eu e tu, dois pobrezinhos,
Andamos de mãos dadas, nos caminhos
Duma terra de rosas, num jardim,

Num país de ilusão que nunca vi...
E que eu moro - tão bom! - dentro de ti
E tu, ó meu Amor, dentro de mim...

Ainda pode ouvir Maria Betânia clicando aqui